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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Kinki - O bar onde você pode cavalgar

Ainda na viagem para Dallas...

A americana, que estava me recebendo na casa dela e que me levaria para sair, tinha um jantar com o namorado dela, portanto, precisei esperá-la. Quando chegou em casa, achei estranho porque o namorado dela não iria conosco para o tal club. Eu já estava pronta, ela se arrumou em alguns minutos e saímos. No caminho ela mandava mensagens o tempo todo para as amigas e dirigia muito rápido, fiquei com um pouco de medo. Ela tem 20 anos e trabalha numa loja de roupas, quando eu perguntei se era uma boa vendedora ela me respondeu: quando eu quero, eu sou. Enfim...no caminho descobrimos que as amigas dela tinham sido paradas pela polícia porque estavam dirigindo acima da velocidade e porque tinham garrafas de bebidas abertas dentro do carro - típica cena de besteirol americano. 
Uma das amigas dela ficou com a polícia, pois não conseguia fazer o teste do bafômetro. As outras foram liberadas e seguiram para o club. O_o


Eu e a minha amiga de balada fomos para o club antes das amigas dela chegarem. O lugar chama Kinki e tinha uma fila gigante na porta só com homens, as mulheres podiam entrar pela porta da frente sem transtornos. Lá dentro tudo muito bonito e animado. O DJ ficava no alto da boate e o bar bem no meio em formato oval atendia a um público bastante diversificado. Seria uma boate comum, não fosse pelos quatro cantos do espaço - onde meninas rebolavam e dançavam freneticamente em uma espécie de mini-palco vestindo lingeries menores ainda. Nas coxas, doláres presos pela cinta-liga; nos seis, muito brilho e alguns dólares presos ao sutiã. 




E, claro, o lugar tinha algo para torná-lo ainda mais referência: um homem carrega as clientes do club nas costas usando uma sela de cavalo. As mulheres literalmente montam no homem e usam um chicote para definir o trajeto - que só pode ser feito no circuito do bar oval. É preciso dar alguma gorjeta para sentir a experiência. A minha amiga americana quis que eu participasse, mas não é esse o tipo de experiência que eu estou buscando por aqui. Me contentei com uma foto outro alguém na garupa do pobre homem. 



Dois americanos compraram um drink para nós duas, aceitamos o drinque, mas não bebemos. Achei estranho isso, porque não conhecíamos e nem tínhamos conversado com os dois. Daí, depois ela me disse que não costuma aceitar drinques de outras pessoas, mas que ela ficou com medo de eu beber e pegou para mostrar que ela não ia beber. Tá, beleza...mas isso ela me disse bem depois na volta pra casa. Ou seja, se eu fosse uma sem noção tinha bebido e achado que ela conhecia os dois. Bebi da minha cerveja Corona Extra e fiquei de boa ela pediu um drinque com abacaxi e jogou metade fora. 





A volta pra casa foi tranquila, ela arrumou a minha cama no sofá da sala, mas no outro dia eu soube que havia uma cama esperando por mim em um dos quartos. Porém, nem eu, nem ela...sabíamos disso.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dallas

O dia seguinte ao meu aniversário era um sábado e a minha host family já tinha uma programação antes mesmo deles me hostearem - viajar para Dallas para um campeonato de dominó entre jamaicanos, porto riquenhos, dominicanos e todos os caribenhos de modo geral que vivem no Texas.  Acordei um pouco sonelenta ainda, já que dormi tarde devido aos altos papos com a Nathália Lage, minha amiga que dormiu na minha casa no dia do meu aniversário. 

Minha host mother preparou waffles, bacon, ovos e suco de laranja. Tudo estava uma delícia, como as nossas caras na foto abaixo pode bem demonstrar. 
 Meus pais deram carona para a minha amiga, que estava morando a 15 minutos da minha casa em Missori City. Esse trecho da viagem foi bem engraçado e um pouco sem graça, pois a minha amiga tinha esquecido de anotar o endereço da casa dela, ela só sabia mais ou menos a região onde morava. Mas, no fim...tudo deu certo. Deixamos ela em casa e seguimos rumo a Dallas - eu, minha host mother, meu host father e minha little sister. 

No carro da minha host family jamaicana tocava um reggae muito bacana. Uma das bandas que tocou vai, inclusive, estar aqui em Houston para a festa de Gala da Jamaica (tenho certeza que falarei mais sobre essa festa adiante). 


A verdade é que a minha abstinência de horas bem dormidas embaladas pelo reggae jamaicano entoaram uma sinfonia perfeita para o meu sono e eu dormi boa parte da viagem - considerando que Dallas está a 3 horas e meia de carro de Houston. Fizemos uma parada no Mc' Donalds quando já estávamos quase em Dallas. 


Chegando lá, fomos para a casa dos amigos da minha host family  - que também são jamaicanos. Deixamos as nossas malas lá e fomos o clube, onde aconteceria o torneio de dominó. O cenário do clube era idêntico ao de filme de máfia, um galpão enorme com uma entrada pequena na lateral e um amplo portão nos fundos. A entrada dava para uma placa enorme de identificação do clube, havia dois sofás velhos nessa sala e algo parecido com ar condicionado corria pela tubulação do prédio. No cômodo seguinte foi improvisado um espaço para o DJ do campeonato - que tinha de fundo uma espécie de toalha pendurada na parede com todas as bandeiras dos países caribenhos. 


Só depois que chegamos ao clube foi que descobri que o meu pai é o amante de dominó da família, mas que, por ironia ou bizarrice mesmo, ele tinha viajado tudo isso para ser o avaliador dos jogos. Quer dizer, ele mesmo não ia encontrar em uma peça seguer do dominó. A maioria das pessoas que estavam no galpão era de homens - muitos com camisetas organizadas pelo time de dominó, outros com roupas bem informais. Algumas mulheres estavam no local, boa parte delas na cozinha, onde também funcionava o bar do clube e outras estavam sentadas em posição privilegiada para ver os maridos, noivos e namorados disputarem o campeonato.  O calor lá fora era inacreditável, mas as mulheres e alguns homens tomavam sopa dentro do galpão/sauna - que contava apenas com três ventiladores inúteis.

A lógica do torneio é fazer 10 jogos e a dupla que ganhar mais, vai pras oitavas, quartas, semi e finais. No total, tínhamos cerca de seis mesas com quatro pessoas em cada jogando. Uma loucura. Foi aí que a minha ficha caiu e eu percebi que teria um loooongo dia pela frente. 

Os homens gritavam nomes que eu desconhecia e tive a impressão de que até americanos desconheceriam também. No fim, descobri que estava certa, a maioria ali falava patua - um dialeto dos países caribenhos, principalmente da Jamaica. 

O calor lá fora era inacreditável, mas as mulheres e alguns homens tomavam sopa dentro do galpão/sauna - que contava apenas com três ventiladores inúteis. Minha host, então, apresentou-me uma garota que tem 21 anos e que foi supersimpática comigo. Ela nos levou ao shopping mall de Dallas e foi fazer as unhas em um salão ali perto. Eu estava um pouco frustrada porque não queria, definitivamente, fazer compras - já que não tenho dinheiro para isso, mas daí lembrei do torneio de dominó e achei o shopping o lugar mais incrível do mundo. 



Andamos bastante e eu não gostei de muita coisa. É engraçado o gosto que os americanos têm para algumas coisas - no Brasil, seria completamente brega. No fim das contas, tomei uma batida de frutas congeladas deliciosa e comprei algumas coisas na Victoria's Secret. 





O dono do quiosque de frutas era japonês e tinha um jornal na língua dele no balcão e, eu, óbvio, não perdi a oportunidade de atualizar-me sobre as notícias do Brasil e do mundo


 A noite fui a um club com a minha amiga americana, mas que se sente uma legítima jamaicana, por ser filha de jamaicanos. Essa história fica para o próximo post.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Field Trip - First one

Hoje tive a minha primeira field trip. Que dia! Cheguei ao camp no horário de sempre, embora hoje tivéssemos mais uma carona no carro, a sobrinha da minha host mãe e chefe. Ela tem oito anos e frequenta um camp da igreja. 

Após o snack da manhã, organizamos as crianças para em filas para que eles ouvissem as regras dentro do ônibus e durante a excursão. Fomos apresentados a uma nova coordenadora do staff do Day Camp. [Ela tem cinco anos de experiência com camp, na verdade, ela trabalha em um programa da YMCA que funciona como um after school, mas é completamente gratuito. As crianças fazem as mesmas atividades que as crianças do camp, porém, sem a estrutura da Y - leia-se, principalmente, sem piscina. Esse programa é realizado em algumas comunidades daqui de Houston nos determinados centros comunitários.]


Partimos para o Miller Outdoor Theatre, no Hermann Park, onde assistimos a uma apresentação belíssima de música clássica do Houston Yong Artists' Concert. Crianças a partir de 7 anos até adolescentes de 18 anos apresentaram-se em diferentes estilos e ministrando diversos instrumentos musicais. Três pequenas japonesas de 7, 9 e 11 anos, respectivamente, tocaram uma linda canção do tipo bolero no piano. Incrível. 



Um grupo de jovens animaram a plateia com grandes tambores feitos de latas de lixo. Até eu me arrisquei no batuque! Brasileiro, sabe como é não pode ver um batuque que quer cair no samba e fazer a festa! Foi muito divertido. 






Após a apresentação, a organizadora do evento falou sobre a importância da música clássica e a importância da divulgação de que esse estilo musical é divertido e, não, chato, como muitos julgam ser. 

Fizemos o nosso lunch time ali mesmo nas cadeiras da plateia após o encerramento da apresentação. Em seguida, fomos para um parque com vários brinquedos aquáticos, mas não era nada com piscinas e grandes tanques...apenas chuveiros decorados, que fizeram a alegria das crianças. 

Eu e a minha co-counselor não ficamos de fora e também nos molhamos junto com as crianças. Foi muito divertido, porque só nós duas de counselors ficamos enxarcadas. Os campers ficaram nesse espaço por mais ou menos 40 minutos e depois foram para o playground brincar - e, consequentemente, se secar. Impressionante. As crianças estavam completamente molhadas, mas em menos de 15 minutos não tinha nenhuma que não estivesse seca. O calor aqui é realmente assustador. Hoje os termomêtros marcaram 95º F. 

Após esse longo dia de brincadeiras fora da Y, fomos para o ônibus amarelo - sim, aqueles de filme de sessão da tarde. Acho que essa foi uma das partes mais gratificantes do meu dia : as crianças cantaram TODAS as músicas que eu já ensinei até agora. Os counselors estavam cansados dentro do ônibus - e eu, inclusive - mas elas não se deixaram levar por esse cansaço e entoaram algumas músicas sozinhas. Eu, claro, não aguentei de felicidade e entrei no clima com eles. O problema é que estou precisando poupar a minha voz, já que estou um pouco rouca de tanto cantar e chamar a atenção das crianças. 

Chegando na Y, fizemos nosso snack time da tarde e, depois, as crianças receberam livros. Muitas começaram a leitura ali mesmo, outros preferiram levar para casa. 

Quinta-feira tem mais field trip, eu mal posso esperar.

domingo, 12 de junho de 2011

Happy Birthday

O dia 10 de junho é o mais importante da minha vida, afinal, no ano de 1988 nesta data foi quando vim ao mundo. Por isso acho que é um dia para ser celebrado com a minha família e todos os meus amigos. Eu faço questão de sempre avisar as pessoas com quem convivo que o meu aniversário está chegando, pois odeio quando alguém esquece de me dar os parabéns. Esse ano o meu 10 de junho estava ainda mais carregado desses sentimentos, pois estou longe dos meus amigos e da minha família. 

Acordei por volta das 5h30 da manhã com a minha host mãe conversando com alguém do lado de fora do quarto - ela sempre acorda cedo e organiza algumas coisas em casa antes de ir para o trabalho. Olhei no celular e vi que já era meu aniversário sim, mas não era, definitivamente, hora de levantar. Consegui pegar no sono de novo e logo acordei às 7h para me preparar para mais um dia de trabalho no camp - com o adendo se ser o meu aniversário. 

Não encontrei ninguém em casa quando saí do meu quarto. Fui até a cozinha, preparei meu café e liguei para a minha avó no Brasil, pois, para a minha felicidade, ela faz aniversário no mesmo dia que eu. A minha carona chegou e nem mesmo falou parabéns, achei estranho pois desde o início da semana eu comentara que na sexta seria o meu aniversário, enfim...

Foi só quando cheguei ao camp que minha co-counselor e amiga, Loyda, me deu os parabéns. Abri o maior sorriso e disse pra ela que ela tinha sido a primeira pessoa a me cumprimentar. Uma das minhas crianças também me deu parabéns e isso foi motivo para outro grande sorriso no meu dia. Durante a cerimônia de abertura do camp a minha host mãe e chefe falou para os campers que era o meu aniversário e de uma outra counselor. Todos, então, cantaram parabéns para nós duas. Achei estranho sem palmas, sem gritinhos no final, sem com quem será, mas enfim...foi especial também. 

O dia correu normalmente no camp - leia-se muitas crianças brigando, chorando, desobedecendo, conversando na hora errada, counselor sem saber o que fazer, schedule todo defasado e o calor escaldante do Texas - embora eu tenha ficado com um grupo diferente logo no dia do meu aniversário. Não sei se o pessoal achou que fosse um presente, mas no lugar das minhas oito garotas de seis anos fiquei com dezessete garotos de sete a oito anos. Uma loucura completa. Tive uma co-counselor o que, teoricamente, facilitou as coisas. 

Estava praticamente sem voz por causa de tanta cantoria e de chamar a atenção dos campers. Às sextas-feiras em Fort Bend a gente tem uma programação especial com os campers, eles apresentam as coreografias que aprenderam ao longo da semana - que neste caso foram danças típicas do México, China e Jamaica  - e, em seguida, tivemos um snack com pratos típicos desses países também. Àquela altura, considerei que aquele seria o meu momento, a minha celebração de aniversário e que já estaria de bom tamanho. 

Fim do camp. Chequei que havia recebido uma mensagem da minha mãe no meu celular, de uma das ICCP's aqui em Houston, a Nathália Lage, e ainda do meu host irmão me dando detalhes sobre a minha programação para a noite do meu aniversário. Iríamos sair para jantar com uns amigos dele e depois iríamos para um club. Adorei a programação e logo combinei com a Nata sobre a possibilidade dela vir para a minha casa e comemorar comigo. A mão divina é tão certeira que descobrimos que ela mora perto de mim e foi superfácil para ela chegar onde moro. 


O combinado era sairmos às 8 pm, mas só conseguimos mesmo sair de casa às 8h30 pm. Nesse meio tempo conversei com a minha great grandmother Bia Alves, que é ex-ICCP e namorada do meu irmão. Ela me deu parabéns e aconselhou-me aproveitar tudo por aqui, já que eu tenho mais de 21 anos. Na verdade, agora já são 23. 


No caminho para o restaurante minha família me ligou e fez a tradicional homenagem de cantar as músicas da seresta e o Parabéns Pra Você. Tudo isso, direto da casa da minha vó, com direito a acompanhamento de várias vozes do grupo de seresta de  Capelinha. Falei com umas dez pessoas ao telefone, todos me desejando parabéns e votos de felicidade. ( e eu, confesso que estava preocupada era com o custo da ligação para a minha avó). 

Chegamos ao BJ's restaurante. A fila de espera era grande na entrada, mas meu irmão foi logo entrando e já se dirigindo a uma mesa. Pensei: "ah...os amigos dele já devem estar aqui". Para a minha imensa surpresa todo o staff estava reunido numa mesa com a minha host mãe. Eles cantaram Happy Birthday e eu não me contive de alegria! Não fazia ideia de nada daquilo.
 Alegria: Minha host mãe e meu irmão.
O staff, minha família e a minha amiga brasileira, Nata.
 
Ganhei um cartão superfofo de uma co-worker e ainda dois balões decorando a mesa. Tudo lindo! Um sonho, como nos filmes. Agradeci diversas vezes pela homenagem, pelo carinho e consideração. Minha mãe perguntou o que eu queria beber e não resisti, pedi uma cerveja gelada. Poxa! É meu aniversário!


Depois, todos fizeram o pedido do jantar e para encerrar o garçom trouxe um bolinho com sorvete e uma vela e todos cantaram, novamente, Happy Birthday pra mim. =)
O pessoal começou a ir embora e então, eu, a Nata e o meu irmão fomos para a próxima parada da comemoração do meu aniversário: Manor. 
 Diversão: Eu, Nata, meu irmão e os amigos dele.


O club fica na Washinton Street que é uma rua famosa pelos bares e boates mais badalados de Houston e fica bem próxima ao centro da cidade. O lugar é muito bonito. O estilo musical era salsa, mas eu e a Nata identificamos vários estilos brasileiros - de forró a Calypso e até Ivete Sangalo. Me diverti horrores, meu Deus!


Nesse club estavam três outros amigos do meu irmão. Eles são legais, um deles foi ao Brasil há alguns anos e ficava o tempo todo conversando em português conosco. Ele até que fala bem, pois na verdade a língua nativa dele é o espanhol, então ele tem uma desenvoltura muito boa no português. 


2h é o horário oficial de ir embora para casa nos EUA, pelo menos se você quiser manter a legalidade, já que todos os bares fecham nesse horário e os poucos que ainda ficam abertos não podem mais vender bebida alcóolica depois desse horário. Viemos pra casa conversando, na verdade, mais a Nata e o meu irmão conversando do que eu, que estava morta de sono. 


Chegamos em casa e a felicidade não cabia em mim. Tive, com toda a certeza, um aniversário inesquecível - e em versão legendada.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Que venha o verão!

Sei que preciso atualizar muitas coisas por aqui, estou há mais de uma semana atrasada, mas acho melhor postar logo sobre o primeiro dia no camp. Afinal, foi para isso que vim até aqui.

Confesso que estava ansiosa, a ideia de ter várias crianças conversando em inglês comigo - ao mesmo tempo - não era uma coisa de se pode mensurar durante o treinamento que tive no Brasil. E quer saber? Eu estava certa pela ansiedade. 

Acordei as 7h, pois a minha carona passaria na casa da minha host family às 8h para me buscar. A minha carona, que btw é minha co-worker, mas ela trabalha com o grupo teen e que também é sobrinha da minha host mammy, que btw é também minha chefe. Quando estava terminando de me aprontar a minha host grandma - que é jamaicana e possui um sotaque bastante carregado - começou a me apressar dizendo que a neta dela já estava vindo, que eu tinha que tomar o café da manhã rápido, que eu ia me atrasar e tal. 

Eu estava amarrando o cadarço do tênis estaria pronta em alguns segundos, olhei para ela e calmamente disse que já estava descendo e que o combinado com a neta dela (minha carona) era as 8h, e que portanto eu ainda tinha tempo. 

Desci a escadaria da casa e ela já estava lá embaixo na cozinha arrumando alguma coisa que eu nem percebi o que era. Só ouvia ela dizendo coisas imcompreensíveis que eu tenho certeza que não era apenas inglês, mas alguma espécie de dialeto jamaicano. O problema mesmo era o tom de voz, pois parecia que era algo ruim...como se ela estivesse insatisfeita com algo que eu estivesse fazendo. 

Enfim, só sei que eu terminei de tomar o meu café - cereais com morangos picados - com ela me assistindo durante toda a refeição. Depois fui aprontar o meu almoço e os dois snacks para o dia no camp (leia-se sanduíche de pão de forma com peito de peru, tomate e alface e molho ranch; suco de morango; iogurte; banana e chips). Terminei tudo faltando ainda dez minutos para as 8h. Eu olhei pra ela e disse: viu, falei que dava tempo! 

Daí ela abriu um sorriso pra mim e acho que tudo ficou bem. Deu tempo ainda de escovar os meus dentes quando a minha carona chegou. 

A minha co-worker tem três anos de YMCA e entende bem todos os processos e problemas do camp. Ela falou sobre a experiência dela no caminho para o camp. Passamos em uma Elementary School, onde ela também trabalha no After School - um programa da YMCA que acontece depois da aula das crianças (óbvio). 

Ela tem 23 e tem o próprio carro, como a maioria das pessoas maiores de 16 anos por aqui. O carro dela é legal e todo decorado com símbolos da Jamaica. Notei, porém, no banco do passageiro uma espécie de penduricalho, que fica bem no encosto e que dói quando a gente tenta sentar confortavelmente, cheio de balangandãs em formatos de pênis e pintados com a bandeira da Jamaica. Na ponta do penduricalho uma foto do Bob Marley e o seguinte escrito em espanhol: Legalize já. O som do carro dela fazia um barulho bem alto que era meio difícil decifrar o que ela dizia. 

Chegamos ao camp. Os pais estavam deixando as crianças, mas já haviam muitas lá dentro. Guardei a minha lancheira (sim, eu tenho 8 anos) e minha bolsa numa sala perto da quadra e comecei a andar pelos bloquinhos de crianças que estavam espalhadas conversando, jogando alguns jogos de tabuleiro e coisas do tipo. Conversei com um grupo composto de uma menina e três meninos. Um dos meninos conversou comigo feito adulto, perguntou coisas sobre o Brasil e as atividades que seriam ministradas naquele dia. No meio da conversa, ele abriu um imenso sorriso, estendeu-me a mão e disse: Nice to meet you, I'm David. Nesse exato momento eu tive certeza de que poderia fazer o verão daquelas crianças diferente. (e é o que eu espero fazer, mesmo).  

Logo após isso, a minha chefe e host iniciou a celebração de abertura oficial do camp separando as crianças em grupos de 6 - 8 e 9 - 11 e 12 - 15. Em seguida, a divisão foi por sexo e ela começou a explicar algumas regras e a apresentar o staff para as crianças. 
Na minha vez, ela disse que eu era uma counselor especial e eu logo apontei para as crianças para o botton da bandeira do Brasil que eu carregava na blusa do uniforme. De repente, ela me repreeendeu: Não diga nada a eles ainda! E foi então que ela perguntou para as crianças de onde eles acham que eu era. Alguns disseram Venezuela, Bolívia, mas a maioria gritou bonito BRASIL. Daí, a minha chefe explicou que eu era especial porque não tinha ainda name-tag. De fato, continuo não tempo, bem...se isso é ser especial, vejamos até o fim do verão se eu vou continuar sendo. 

Após a divisão, ela me encarregou do grupo de 6 anos junto com a minha - já - amiga Loyda. Ela nasceu no México e ficamos próximas desde o primeiro dia do treinamento. O nosso grupo tinha apenas oito meninas - que mais tarde escolheram o nome de Pink Penguins para o grupo. 

Mas, acreditem ou não. Oito meninas dão o maior trabalho. Após a prece e cantarmos uma música, nosso grupo saiu para o café da manhã. As meninas estavam ansiosas e muitas perguntavam pelo schedule e se iriam nadar naquele dia. Na verdade, eu e Loyda não tínhamos o schedule em mãos ainda e era difícil controlar a ansiedade das meninas sem certas informações consistentes. 

Após o lanche, certifiquei-me se todas tinham passado protetor solar em casa e constatei que algumas não, então, fomos até o banheiro e elas se ajeitaram com a loção - por aqui, os counselors não têm autorização para tocar as crianças o máximo que posso fazer é borrifar o protetor solar, em caso de embalagem spray. 


Essa semana será especial no camp, pois teremos dias específicos para diferentes países. As crianças vão aprender sobre a cultura, tradição, localização e curiosidades do México, China e Jamaica. O Brasil? Bem, teremos uma semana inteirinha para falar sobre o Brasil no fim do verão - acho que isso entra na categoria especial lá de cima também, certo? 


O fato é que depois de todas estarem protegidas do sol, fomos preparar o passaporte delas para fazer as "viagens" dessa semana. Foi muito bacana porque todos os campers tiraram foto de verdade que foram reveladas na mesma hora para que eles pudessem colar no passaporte. Após essa atividade, eles coloriram um desenho sobre o México - uma espécie de preparação para a "viagem" do dia seguinte. 


Finalizada a sessão Arts & Crafts era a hora de enfrentar o calor escaldante do Texas e jogar alguns jogos do lado de fora do ar condicionado da quadra. Na verdade o jogo, que não foi ministrado por mim nem por Loyda, não rendeu muito já que as crianças estavam morrendo de calor e a cada cinco minutos tivemos um break para a água e para banheiro. 


Na hora do almoço, tudo correu bem, apesar da persistência das crianças em perguntar pela hora de nadar. O fato é que o meu grupo só poderá nadar nesta terça. Depois do almoço, voltamos para a quadra e fizemos mais uma atividade de Arts & Crafts um bracelete com miçangas e desenho livre. 


De volta para a quadra externa, jogamos várias modalidades de pega-pega. Algumas americanas e algumas brasileiras - que aprendi durante o treinamento. Eu acho que fui a única counselor correndo feito louca junto com as crianças, cantando música na hora dos breaks e fazendo gracinhas durante os jogos, mas eu nem me importei com isso. 


Duas crianças simplesmente fizeram todas as atividades com giz de cera usando as cores do Brasil. Daí elas iam sempre até mim e mostravam se estava bom, se eu tinha gostado. Até o fim do dia, vários meninos e meninas de outros grupos vieram até mim perguntando coisas do Brasil e o porquê da diretora do camp ter dito que eu era especial. Eu disse que era porque eu era a única counselor sem name-tag, eles riram demais. 


Tive alguns momentos difíceis, como numa das brincadeiras - telefone sem fio - uma menina falou uma sentença nada apropriada para o camp; ou quando duas meninas começaram a brigar; ou quando uma menina era acusada de bullying a cada cinco minutos, ou quando uma garota pedia para ir ao banheiro apenas para aproveitar do ar condicionado, mas quer saber? Apesar de todo o cansativo dia - que me rendeu (pra variar) dor de cabeça - estou superfeliz e sei que esse é só o começo. Que venha o verão! I'm ready.

sábado, 4 de junho de 2011

O dia das reuniões (24/5)

Depois da reunião do clube da minha host mãe, o Robwec - River Oaks Bussines Women's Exchange Club - fui para o trabalho dela, uma escola de massagem que é associada a um grande grupo hospitalar aqui em Houston, o Memorial Hermann. O lugar é muito grande e bonito e tem um programa de estágio para os alunos, que fazem massagens por um menor preço. Há também um SPA onde todo o tipo de tratamento de beleza e relaxamento pode ser feito, das unhas das mãos e dos pés até tratamento de pele, enfim. Minha host mãe é a chefe da escola de massagem, do SPA e da lanchonete. Ela é uma mulher muito ocupada e o que mais me impressionou foi a habilidade e organização dela. Ela sabe exatamente onde está cada coisa das provas dos alunos da escola até as opções de comida da lanchonte. Uma das coisas que me chamou a atenção nesse ambiente coorporativo americano foi o fato de a minha host mãe deixar uma chave do escritório dela com todas as pessoas do staff dela. Ela disse que não é uma coisa comum, mas que ela confia nas pessoas e que não tem nada a esconder, por isso dá essa liberdade para eles - que volta e meia precisam de certas coisas que estão no escritório dela. 


No escritório da minha host mammy. 


Depois do trabalho, fomos até Sugar Land, uma cidade linda de morrer que fica há algumas milhas de Houston, como se fosse a região metropolitana. Lá, participamos de uma reunião como o conselho diretor da YMCA de Fort Bend - o meu camp. Nesta reunião conheci o Big Boss da YMCA e a miss Glaris, que é a chefe do meu camp. A reunião tinha o estilo de festa americana de sessão da tarde. Tudo outdoor, uma longa mesa do lado de fora da casa - que era maravilhosa - e um pouco a frente, na garagem uma extensa mesa com hot-dogs, sanduíches, chips, refrigerantes, doces e outras guloseimas. Todos os copos, guardanapos e talheres combinavam. Os tons azuis, brancos e vermelhos eram os que predominavam. 
Uma pessoa ministrou a reunião e solicitou que um dos integrantes da mesa fizesse uma prece. Após a oração, concederam a palavra à minha host mammy que falou sobre a minha presença na reunião e um pouco sobre a experiência dela em hospedar ICCP's. 

Depois disso foi a minha vez de falar. Apresentei-me e falei sobre o porquê entrei para o programa, o que espero fazer aqui e o meu histórico no Brasil. Tentei mostrar para o conselho o quanto o Internacional Camp Counselor Program vale a pena, o quanto é proveitoso a experiência de abrir a mente das crianças para outras culturas e ainda ajudar alguém que quer conhecer um pouco mais sobre a cultura americana. Acho que eles gostaram de mim, me aplaudiram no final da minha fala e me desejaram um ótimo verão e que eu aproveite bastante por aqui. 
Definitivamente, a YMCA é o meu lugar. Eu na reunião do conselho direitor da YMCA de Fort Bend. 
 
Após essa sessão, houve a entrega de algumas premiações para os membros do conselho diretor. Um dos brindes era um chaveiro digital personalizado com o símbolo da YMCA e com uma tela que permite ao dono baixar fotos, que automaticamente serão exibidas na tela do chaveiro. Muito bacana. A outra premiação concedeu a algumas pessoas uma bola de beisebol em um suporte especial supercharmoso em formato de luva. Houve ainda uma brincadeira entre os conselheiros. Cada um deles recebeu uma quantia em dólar de mentirinha que podiam ser trocados por brindes que estavam em uma terceira mesa ao fundo da festa, próximo a piscina. Havia quadros de pintura, bebidas, copos diferentes, chaveiros e coisas menores. A brincadeira tratava-se de escrever ao lado do brinde ao qual você almejava um valor correspondente ao quanto você pagaria  - em dólar de mentirinha - para ter aquele objeto. No fim, quem colocasse o maior valor levava o brinde. 

Eu e a minha mãe não esperamos até o fim para ver a troca dos brindes, então, assim que liberaram o pessoal para comer, nós fomos embora, pois o meu host daddy estava esperando nós duas para o jantar que ele mesmo cozinhou. Um pouco antes de irmos embora, uma lady loira e toda maquiada e penteada veio até mim correndo dizer que estava muito feliz de me conhcer e que ela desejava tudo de bom pra mim. Ela é uma das conselheiras diretoras da YMCA - foi muito massa ouvir isso dela.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Meeting

Uma das coisas mais legais esta sendo conhecer a cultura americana, muito alem dos carroes e mansoes ou das comidas e da lingua. Hoje, por exemplo, fui a um clube do qual a minha host mae e uma das conselheiras. O grupo e' composto de mulheres que tem negocios. Elas reunem-se mensalmente para discutir problemas e estrategias dos seus negocios. O interessante e que ha apenas um membro de cada profissao. Por exemplo, ha apenas uma medica, uma veterinaria, uma designer de interior. Para entrar no grupo voce precisa ser convidada por outra integrante que ja tenha dois anos de grupo. Minha host mae e uma das conselheiras, entao, ela e o conselho se reunem tambem uma vez por mes. O clube tem cerca de 90 pessoas e surgiu ha 35 anos. Ha ainda hoje mulheres que estao na ativa desde a fundacao do clube. Algumas delas, sao avessas as mudancas. Quando uma delas deixam de ter seus negocios, ou se aposentam, elas podem continuar participando do grupo, mas devem abdicar da sua posicao unica na cadeia da profissao, sendo assim, quando uma engenheira se aposenta, outra engenheira pode ser convidada para ingressar no clube. A ideia e mesmo ter um networking avancado e e' muito melhor do que uma comunidade do Orkut, pois e' feito de pessoas reais. Minha host mae me ensinou uma coisa muito legal hoje, ela disse: e' preciso doar para receber, por exemplo, eu doei meu tempo para a fotografa profissional que temos no clube para que ela pudesse fazer um book com as minhas fotos de dancarina de flamenco, entao, pode ser que alguem veja esse portfolio dela e precise de um grupo de flamenco para alguma apresentacao e essa pessoa podera entrar em contato comigo.
Enfim, adorei a reuniao com o conselho do clube. As ladies eram todas bonitinhas sabe? Terninho, cabelo arrumado, muita maquiagem e aquela mesa gigante de madeira bem encerada, como nos filmes. Nao sei se foi uma mera coincidencia, mas uma das coisas que notei foi que havia apenas uma negra entre o grupo, que tinha nove membros.
A reuniao foi feita em um dos bairros mais caros de Houston no escritorio da presidente, que e' uma designer de interiores. Tudo la era lindo! Tirei algumas fotos, depois posto aqui.

 Essa e uma das fotos do book da minha mae, que foi feito por uma integrante do clube que e' fotografa prossional e precisava de modelos para ampliar o seu portfolio.